Veterinário, sarna e otras cositas más

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Capítulo anterior: Minhas descobertas  continuavam 

Entramos novamente no carro e saímos do prédio. Primeiro paramos na frente de uma grande casa onde apenas crianças entravam. O carro parou, e Bel desceu para misturar-se a elas, mas não sem antes se despedir de mim e de beijar a mãe. Fiquei triste. Ela estava indo embora, e eu não entendia o porquê.

Descobriria depois que aquilo era uma escola e que é normal vocês humanos frequentarem esse lugar quando são pequenos. Nós, cachorros, não. Ensinamos tudo que sabemos para nossos filhos ainda quando são filhotes. Quando crescem um pouco já sabem se virar. Não precisamos de escolas e nem de professores. Os humanos é que às vezes nos colocam um tipo de professor – chamados de adestradores. Mas o único objetivo é nos ensinarem os costumes e a cultura de vocês. É chato, mas vale a pena porque as pessoas gostam quando nos comportamos como elas.

Depois de deixar Bel no colégio, seguimos para um médico veterinário. Uma mulher amorosa e aparentemente feliz me atendeu no consultório branco. Auscultou meu coração, olhou no fundo das milhas orelhas, apertou a minha pele, levantou os meus pelos e constatou: sarna. Após verificar cada centímetro do meu corpo, começou a tortura. Foi uma sessão de aplicações de vacinas atrasadas e injeções. Estava dolorido, tenso, nervoso, assustado.

Uma lista de medicamentos me foi receitada, desde antibióticos e remédio para sarna até vermífugos e antialérgicos. Também foi recomendado banho duas vezes por semana com um sabonete especial. Tudo isso, porém, veio com uma notícia triste e nem um pouco esperada: eu precisaria ficar separado dos outros animais da casa. E da Bel. Apesar do que garantira o CCZ, eu estava num estágio perigoso da sarna e podia infectar outras pessoas.

Ficamos todos tristes. Mas pelo menos eu estava a salvo e agora iria ser tratado de verdade. Era temporário, além do mais. A prioridade era sanar as feridas da minha vida sofrida de abandono. A consulta acabou. Entramos no carro e voltamos para casa. Nem eu, nem a mãe da Bel fizemos nenhum barulho. Mergulhamos em profundo silêncio.

No próximo capítulo: A quarentena

Para acompanhar todos os capítulos da minha história, clique aqui. A ordem cronológica é de baixo para cima.

Até a próxima segunda.

Lambidas.

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