Minha vida está prestes a mudar

CCz oscar 2Capítulo anterior: O amor que mudou a minha vida

Era uma manhã comum. Acordei no canto da cela e continuava rodeado de cachorros diferentes. Os remédios contra a sarna já faziam efeito, mas ainda estava longe de me sentir curado. Eu me sentia triste, fraco, quase sem forças e motivação. Achava que o resto da minha vida seria daquele jeito, atrás das grades. A vida na rua era difícil, mas mesmo com água e comida sempre, eu preferia o relento à prisão. Mas tudo aquilo estava prestes a mudar, graças a um filhote humano chamado Bel.

O portão verde de ferro se abriu, e eu não me movi. Escutei uma voz diferente, que não conhecia. Por isso, procurei com o olhar, sem mexer um pelo, quem era. Avistei uma linda menina de olhar meigo e adocicado. Ao lado dela, uma mulher de sorriso franco, que, simpática, apontou para mim e disse: “É ele!”

A funcionária do Centro de Controle de Zoonoses entrou na cela e me chamou. Levantei devagar e receoso. Fui meio que me arrastando no meio daqueles cachorros até o portão e cheguei perto delas. Bel se agachou e avisou que meu nome seria Oscar. Para aquela pequena menina, não era só um nome. Alguns dias antes ela havia visto na televisão à entrega do maior e mais cobiçado prêmio de Hollywood, o Oscar. Bel era fascinada por filmes e ia semanalmente ao cinema com a família. Gostei do meu novo nome e da pronúncia em inglês: Oscar, o cão vencedor.

A mulher informou, no entanto, que eu precisava ser castrado antes da adoção. Disse que estava saudável e mentiu que eu não tinha nenhuma doença – tudo para ter um cão a menos naquele lugar superlotado. Eu estava com sarna e fora recolhido das ruas justamente porque representava perigo para os humanos. Mas representar perigo para uma família com uma criança, sim, podia. A mãe de Bel perguntou se eu não estava mesmo com sarna. Ela não era veterinária, mas não precisava de muito para desconfiar. Era visível. Mas a funcionária insistiu na resposta negativa.

Enganadas, mãe e filha queriam me tirar de lá naquela hora. Já queriam me levar para casa, mas a responsável pelo CCZ repetiu que só no dia seguinte. Eu seria castrado imediatamente, e 24 horas depois estaria livre para ir. Dava para sentir a tristeza delas em me ver ficar naquela jaula mais um dia. Mas era só mais um dia, não mais que um dia. Elas me fizeram carinho e prometeram voltar para me buscar no dia seguinte. Estava ansioso.

No próximo capítulo: O último dia no CCZ

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Até a próxima segunda.

Lambidas.

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