Por vingança, homem mata cão e devolve à dona
A Polícia Civil deteve, na tarde de ontem, o pescador Severino José Nascimento, de 51 anos, acusado de matar uma cadela, a paulada, e ainda exibir ela morta para uma estudante de 23 anos, que cuidava do animal. O ataque à cadela ocorreu na noite do último dia 15, na Vila Lígia, em Guarujá.
Cerca de quatro horas antes do ataque, Severino foi mordido no pé direito pela cadela quando passava de moto pela Rua Antonio Fernandes. A estudante que fornecia abrigo em sua casa ao animal de rua, durante as noites, prestou socorro ao pescador, que foi medicado no Posto de Atendimento Móvel (PAM) de Vicente de Carvalho.
O incidente era estar resolvido, mas o pescador não se conformou com a mordida e decidiu retornar à Rua Antonio Fernandes para matar o animal. Após desferir uma paulada na cadela, Severino a colocou em uma caixa e a mostrou para a estudante dizendo “Pronto, já era. Matei”. Conforme o relato da estudante à polícia, Severino ainda deixou o local dando risadas.
Nas dependências da Delegacia Sede de Guarujá, o pescador disse à Reportagem do Diário do Litoral que “teve um dia de fúria”. Ele conta que ao ver sangue em seu pé sentiu revolta. “Não sei por que fui fazer isso. Me arrependo por tudo o que fiz”.
Após ter matado o animal e o exibido para a estudante, Severino fugiu e passou a se esconder em um imóvel que pertence a um colega, na própria Vila Lígia. A equipe da Delegacia Sede de Guarujá passou a investigar o caso e obteve informações sobre o paradeiro do pescador.
Sob o comando do delegado Luiz Ricardo de Lara Dias Júnior e do investigador- chefe, Paulo Carvalhal, os policiais Marcelo Riquelme e Alcyr Júnior fizeram diligência, por volta de 13 horas, e conseguiram surpreender o acusado.
Na delegacia foi registrado um Termo Circunstanciado (TC) de prática de ato de abuso a animais consumado. Após o registro, Severino foi liberado.
O caso foi encaminhado para o Juizado Especial Criminal (Jecrim). A Lei Federal 9.605/98 prevê pena de três meses a um ano e multa para a prática de abuso a animais. Com morte, a pena é aumentada de um sexto a um terço.
Entidade
Presidente da União Internacional Protetora dos Animais (Uipa) em Guarujá, Rose Orlandi acompanhou os trabalhos da Polícia Civil na tarde de ontem. Ela ressaltou a importância da denúncia feita pela estudante para que a crueldade não ficasse impune. Rose frisa que “infelizmente são comuns agressões a animais, mas poucas pessoas denunciam”.
A atitude do pescador, na avaliação da representante da Uipa, foi marcada pela frieza, pois houve premeditação.
Texto retirado do Diário do Litoral, dia 22 de maio.