Adote um cão e salve uma vida
Basta dar uma volta pelas ruas de qualquer cidade do Brasil para perceber que a quantidade de cães abandonados é imensa. Não existem, como é de se imaginar, números seguros, mas, apenas para dar uma ideia, a prefeitura de São Paulo, estima que o número de cães e gatos abandonados na maior cidade do país varia de 300 mil a 1 milhão. No mundo, o Brasil responde por 20 milhões dos cães abandonados.
Segundo a Sociedade Mundial para Proteção dos Animais, atualmente existem cerca de 500 milhões de cachorros abandonados no planeta Terra – algo como um para cada 14 pessoas. Cerca de 70% vão morrer por desnutrição e doenças virais (incluindo cinomose e parvovirose), leptospirose e bacterianas (como a leptospirose), além de maus-tratos, traumas e até de frio. Depois de abandonado, estima-se que ele não sobreviva mais do que dois anos nas ruas, morrendo precocemente por algum desses motivos – ou pela combinação de dois ou mais deles.
São abandonados, todos os dias, cachorros filhotes, idosos e de raça. Isso acontece porque muitas pessoas compram animais por impulso e acabam esquecendo que eles crescem, que vão precisar de atenção, cuidados, passeios e higiene.
Quem abandona um animal não só está executando um ato cruel como também está cometendo um crime, o de maus-tratos, previsto pela lei no artigo 3º do Decreto Federal 24.645/34 e no artigo 32 da Lei Federal 9.605/98.
Existem milhares de cães esperando lares em diversos lares transitórios, ONGs e Centro de Controle de Zoonoses de inúmeras cidades, Os famosos SRDs (sem raça definida) representam 75% dos cães de abrigos e estão ansiosos para encontrar uma família.
Cães que já são adultos costumam ser evitados, na crença de que um filhote vai se adaptar melhor. Mas engana-se quem acha isso e que cachorros adultos estão doentes ou sofridos demais para entrar em uma família. Pelo contrário. Eles são mais agradecidos e valorizam muito mais o amor que estão recebendo, pois sabem o que é o contrário disso. Muitos abrigos estão abarrotados de cães saudáveis e em perfeitas condições de levar carinho, amor e alegria para qualquer família ou pessoa.
Adotar um animal é um gesto de amor. A sua maior recompensa será uma amizade eterna – e cheia de lambidas agradecidas. Se você decidir adotar um cachorro ou um gato, seja de algum Centro de Controle de Zoonoses ou abrigo, seja de algum lar transitório ou retirá-lo das ruas, leia antes as dicas do Centro de Adoção Associação Natureza em Forma, que vão ajudar você a criar um ambiente agradável para você e para ele.
Veterinário
Marque uma consulta com o um veterinário antes de levar o animal para casa. Peça para ele checar se está tudo bem. O médico vai provavelmente pedir um exame de fezes e um hemograma para detectar alguma verminose ou protozoário. Dependendo dos resultados, do quadro clínico e da idade, ele pode achar necessário mais algum exame. Se você não souber nada do histórico do animal, peça a ajuda do veterinário para determinar uma idade aproximada e quais vacinas ele pode tomar e com que frequência.
Comportamento
Se o cão apresentar comportamento agressivo ou muito retraído, não deixe de pedir a ajuda de um especialista para saber lidar com essas situações. Manter o animal preso a uma coleira ou ficar o tempo todo com ele próximo a você não fará tão bem nessa nova fase.
Família
Em casa, avise os familiares que eles terão um novo membro e prepare o ambiente para o mais novo morador. Reserve um cantinho para colocar a cama, comedouro e bebedouro. Se houver crianças pequenas, ensine-as a respeitar o cachorro e não machucá-lo. Explique o básico, como não poder puxar o rabo ou bater. Por ter vindo das ruas, o animal pode ser dócil o tempo todo por estar recebendo carinho. Mas cuidado, pois eles podem se irritar, por medo, pelo simples fato de uma criança chegar perto. Por isso, a aproximação de todos deve acontecer aos poucos, até todos se conhecerem. Não deixe a criança sozinha com o animal e observe sempre onde ela coloca a mão e o que ela oferece ao animal.
Amor
Dar carinho e atenção é a melhor maneira de conquistar a confiança do pet. O que eles mais querem é ter uma vida saudável, longe de maus-tratos e sofrimentos. Repare na reação do cão sempre que você se aproximar para dar comida. É nesse momento que você verá o quanto ele está grato pela ajuda.
Importante
O verão é o período em que há mais abandonos de animais. Muitas famílias viajam nesse período e deixam seus animais abandonados. Muitas pessoas também se desfazem de seus bichos por causa de mudanças, seja para um apartamento menor, ou para outra cidade ou estado, ou por causa de uma separação. Existem muitas outras pessoas que os abandonam simplesmente por se incomodar com os latidos dos cães à noite, reclamações de vizinhos e até mesmo o desconhecimento das responsabilidades necessárias na hora dos cuidados básicos de saúde, higiene e alimentação. Há ainda aqueles que abandonam seus animais de estimação quando eles estão ficando velhos. Nada disso justifica o abandono. É o que nos torna humanos – seja com um pet ou com um familiar.
A velhice é a fase em que os cães mais precisam de ajuda e companhia. Os animais são parecidos com os seres humanos. Tornam-se se ainda mais dependentes nessa fase da vida, precisando de cuidados especiais, acompanhamento médico, remédios controlados e outros cuidados. Por causa da idade, alguns animais perdem todos os dentes, sendo necessária a preparação de uma alimentação diferenciada, com rações balanceadas para a idade e o porte do animal.
Animal não é brinquedo. Eles têm uma vida e precisam, assim como nós, ser respeitados.
Texto escrito por Erika Bismarchi, responsável pelo 6 Patas, para o blog Almanaque Pet.