Prefeito dá dinheiro para capturar cães no Pará
Uma iniciativa da prefeitura de Santa Cruz do Arari, localizada no arquipélago do Marajó, no Pará, vem gerando polêmica. Cerca de duzentos cães foram capturados por servidores municipais e enviados para a zona rural da cidade. De acordo com Marcelo Pamplona, prefeito da cidade, a ação ocorreu porque havia muitos cachorros nas ruas, o que provocava sujeira e transmitia doenças para a população. A medida desagradou alguns moradores. De acordo com denúncias, até mesmo animais com donos foram capturados, e muitos teriam morrido por maus-tratos.
Vídeos registram cachorros sendo laçados até por crianças, que teriam recebido dinheiro para caçar os animais. “Estavam pagando R$5 pelo cachorro e R$ 10 pela cadela”, conta o cozinheiro Aragonei dos Santos, de 29 anos, que fez os flagrantes. As imagens mostram ainda um curral com animais presos por cordas, e outros levados até canoas, amarrados e amontoados em um pequeno porão da embarcação. O vídeo registra também os animais sendo agredidos e outros mortos, sendo jogados no rio, e alguns sobreviventes, que tentavam sair da água.
Aragonei teve seus cinco cachorros levados por agentes da prefeitura. Avisado por vizinhos, ele foi em busca dos animais. “Peguei uma câmera e fui atrás. Consegui salvar, mas fui ameaçado. Homens me seguiram quando eu estava no trapiche e me espancaram”, denuncia o cozinheiro, que sofreu um ferimento na cabeça, que precisou ser suturado.
O morador conta ainda que tentou registrar a agressão na delegacia da cidade, mas não conseguiu porque ninguém quis fazer a ocorrência. Para conseguir o B.O, ele se dirigiu até o município vizinho, Cachoeira do Arari, e no último sábado (1º), fez um boletim de ocorrência do caso e passou por exames médicos da perícia que constataram a agressão.
O prefeito de Santa Cruz do Arari , Marcelo Pamplona (PT) confirmou a ação de caça aos cachorros. Ele explicou que a medida pretendia reduzir o número de animais nas ruas. “Esses bichos causam uma sujeira enorme, defecam nas ruas, e transmitem doenças. Algumas pessoas foram atacadas por eles. Os cães até atacam bezerros. A própria população me cobrava uma atitude”, declarou.
Ainda de acordo com o prefeito, os cachorros capturados foram levados para a zona rural da cidade. Ele admite que o novo espaço para ao animais não teria qualquer infraestrutura para receber os cachorros. “A cidade é muito pequena, falta tudo. Não temos agentes do zoonoses para cuidar da proliferação dos cachorros. Solicitei em maio de 2012 para o estado uma equipe do zoonoses para cá, mas ninguém nos atendeu”.
Pamplona nega que os animais tenham sido sacrificados, mas admite que possa ter havido excesso por parte dos agentes que fizeram a captura. “A população do município gostou da nossa atitude. Mas se na hora de capturar o animal houve algum excesso, se eles, de repente, foram esganados ou algo assim, tem que apurar isso. Agora, cachorro da rua, brabo, vai capturar como? Tem que ser no laço”, alega. Quanto a denúncia de agressão contra o morador, Pamplona nega o caso e declarou que se trata de perseguição política.
O caso foi denunciado à Delegacia de Meio Ambiente (Dema), que afirmou que uma equipe será enviada até Santa Cruz do Arari para apurar a situação. O reponsável pela denúncia foi ouvido em depoimento pela delegada Vera Batista. As imagens do caso serão encaminhadas à perícia criminal.
Um inquérito foi instaurado pela Dema nesta terça-feira (4) para investigar denúncia de que pessoas estariam exterminando cachorros no município de Santa Cruz do Arari. De acordo com a Polícia Civil, a denúncia cita o prefeito do município, Marcelo Pamplona, como incentivador da morte dos animais. Segundo a denúncia, o prefeito ofereceria dinheiro para que os cachorros fossem eliminados, a fim de diminuir a quantidade de animais soltos na cidade.
De acordo com a Dema, caso o prefeito seja considerado culpado, será lavrado um Termo Circunstancial de Ocorrência (TCO) e o processo será transferido para o Tribunal de Justiça do Pará. Caso a denúncia de maus tratos seja confirmada, as pessoas envolvidas poderão ser condenadas a até três anos de prisão.
Informações G1
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