Como lidar com cães maltratados
Você é uma pessoa consciente e, num gesto de amor, adotou um cão abandonado. Não sem razão, esperava que todo o seu amor seria retribuído com um companheiro divertido e carinhoso. Só que logo na primeira semana já deu para ver que a relação entre vocês não vai ser assim. Ele se isola o dia todo ou faz xixi onde não deve toda hora ou até mesmo rosna e mostra os dentes por nada – ou tudo isso ao mesmo tempo. Por quê? O seu novo amigo provavelmente sofreu maus-tratos – físicos, psicológicos ou ambos – e é por isso que ele não parece tão “normal”. O que fazer agora? Não é uma tarefa fácil, mas o site norte-americano Pet360 dá algumas sugestões para você reabilitar um cachorro vítima de abusos. Veja:
→ A primeira coisa que você deve ter sempre em mente é que você vai enfrentar não um, mas uma série de comportamentos difíceis – e praticamente todos eles são reações de medo. São reações a um estímulo indesejado que causa pavor.
→ O medo causa reações diversas, como o xixi fora de hora e de lugar, a fuga para um canto onde se sinta seguro, por exemplo. Se o medo for extremo, ele pode achar que a única defesa é o ataque. Se você tem crianças pequenas ou se sua casa é muito agitada, pode ser perigoso adotar um cão vítima de maus-tratos.
→ A paciência tem que ser uma qualidade marcante da sua personalidade. Cães assim desconfiam de todos, e você terá de saber esperar que ele venha em busca de sua atenção e carinho. Enquanto isso não acontece, o conselho é criar uma rotina rígida, que vai fazê-lo se sentir mais seguro. Passeios diários (pelo mesmo caminho) e alimentação na mesma hora (e lugar) são essenciais. O exercício em si e um tempo ao ar livre acalmam um cachorro assustado. Monte para ele uma caminha em um lugar para onde ele sempre possa ir e se sentir seguro, longe das pessoas e protegido.
→ Tenha paciência também para esperar o momento certo de brincadeiras mais movimentadas com ele. Não dê brinquedos nem petiscos que ele não coma na hora, como ossos. Cães com histórico de maus-tratos podem querer guardar brinquedos ou comidas e se tornar possessivos e agressivos.
→ Preste atenção nas atitudes que alteram o comportamento dele – tais como voz alta, gritos, música, passos rápidos, visitas ruidosas e entradas repentinas no ambiente onde ele esteja. Se perceber que algum gesto assim desencadeia uma reação desproporcional, tente acalmá-lo e recompense com um pequeno petisco quando ele reagir bem.
→ Preste atenção nas coisas que alteram o comportamento dele – tais como saco de lixo, chinelo ou vassoura. Se algum objeto assustá-lo, evite seu uso pelo menos até ele estar bem adaptado a você e à casa nova. Se ele apanhava com um tênis, por exemplo, nem adianta tentar obrigá-lo a ver uma. Só tente fazê-lo se acostumar com um objeto bem depois de ele já se sentir confortável e dono da casa – e de sua confiança. E ainda assim terá de ser um processo lento e paciente, sem garantia de cura do trauma.
→ Aceite que ele talvez nunca seja um cão “normal”. Ser capaz de perdoá-lo por ele não conseguir superar um trauma é essencial. Mas com paciência – e atenção para perceber o que o assusta mais – você vai ter uma vida a dois bastante feliz. Basta também respeitar os limites dele. Se mesmo assim ele continuar a reagir mal em certas situações, dê adeus a seu All Star e use chinelos. Seu cãozinho vai ser eternamente grato.