Ministério Público determina retirada de animais do Canil Municipal de Cubatão

A sensação de liberdade ou o aconchego de um lar não devem ser algo a ser experimentado por 22 ‘serumaninhos’ – como cachorros e gatos têm sido chamados carinhosamente pelos amantes de pets – que estavam trancados há quase cinco anos no Canil Municipal de Cubatão. Porém, eles ganharam uma casa nova, com uma melhor estrutura para viver com dignidade.

A decisão de mudá-los de local foi da promotora pública de Meio Ambiente de Cubatão, Juliana Montezuma Lacerda, que atendeu uma denúncia da organização não governamental (ONG) Viva Bichos Santos, sobre as condições a que estão submetidos os animais.

A situação, inclusive, foi publicada por A Tribuna On-line no último dia 8 de julho. Na ocasião, a Prefeitura de Cubatão refutou, em nota, as críticas feitas ao local. “O Canil de Cubatão funciona dentro dos padrões exigidos pelo Ministério da Saúde, oferecendo tratamento adequado aos animais”.

Nesta quarta-feira (27), entretanto, depois de uma reunião entre a promotora, a prefeita Marcia Rosa (PT), o vereador Fábio Oliveira Inácio (PT) – representante da Câmara, além de técnicos e secretários municipais, a posição parece ter mudado: os cães serão encaminhados à ONG Viva Bichos Santos e o Canil Municipal será desocupado e demolido.

“A Prefeitura não terá custo com a transferência dos animais para o local indicado pelo Ministério Público”, informa a Administração Municipal.

Os animais serão transferidos em até 45 dias para um espaço da ONG Viva Bichos Santos.
O prazo para que os animais sejam encaminhados para a nova casa é de até 45 dias. Segundo a diretora do Departamento de Vigilância Ambiental à Saúde, Maria Adelaide Gonzalez, quando o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) foi inaugurado, em 2009, já era prevista a demolição do prédio antigo, porém a superlotação no novo equipamento impediu a ação.

Vale lembrar que o CCZ fica em frete ao Canil Municipal de Cubatão e, de acordo com a ONG Viva Bichos Santos, possui excelente estrutura física e centros cirúrgicos modernos.

Adelaide explicou também que nas baias antigas encontram-se animais adultos, com histórico de agressividade, por isso, não podiam ser misturados aos demais que são acompanhados no CCZ. Atualmente, cerca de 200 cães e gatos são atendidos no serviço.

Futuro do Canil

A Administração Municipal informa que o local do antigo canil é de propriedade da Prefeitura e seu destino, após a demolição da atual estrutura, ainda não está definido.

Cubatão informa, ainda, que os animais considerados agressivos já chegaram ao Canil com estas características. “A expectativa do Ministério Público, da Ong e da Administração Municipal é de que, no novo espaço, em ambiente aberto, a ressocialização dos bichos seja mais eficiente”.

Alguns animais permaneceram confinado por
até cinco anos dentro do Canil Municipal.

Problemas

A situação dos animais foi descoberta em maio, quando a ONG foi ao local para oferecer um serviço de vacinação contra cinomose (doença canina de difícil cura, que pode levar o cão a óbito).

“Quando chegamos, vimos os cachorros presos. O próprio coordenador do canil, que é veterinário, disse que tem alguns confinados há cinco anos. Estão num espaço que é um quadradinho. Os mais antigos estão agressivos ou loucos. Não chegaram assim. Eles ficaram”, afirma Marilucy Pereira, presidente da ONG.

Ainda de acordo com ela, o coordenador do espaço mostrou-se indiferente com a condição dos animais. “Não se emociona com a situação deles. Nem ele, nem os tratadores retiram os cães mais agressivos das baias (casinha) para limpar. Jogam água e passam o rodo com os cachorros dentro”.

O local onde ficam, segundo a presidente, não tem a proteção adequada contra o sol e chuva. “Eles têm alimentação e água. Mas parece que é só para mantê-los vivo”.

A Tribuna

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