Feliz Natal

IMG_20131224_171624Sentada aqui, ao lado do meu cachorro Oscar, começo a refletir o que almejo para o ano que
vem. E como hoje é véspera de Natal, aproveito para pedir ao Papai Noel algumas coisas…

Antes, para quem não sabe, Oscar, o meu cão vencedor, foi o responsável pela minha militância na causa animal. Em uma noite qualquer, um vizinho o envenenou com chumbinho. Oscar – um cão guerreiro, que já havia vivido três anos na rua, além de uma curta permanência em um Centro de Controle de Zoonoses por conta de sarna – sobreviveu àquele ataque. Mas uma parte de mim, não. Uma parte de mim morreu naquela noite.

Curioso foi que justamente a parte que se foi naquela noite era um eu egoísta, grande na pequenez. Quem quis fazer mal para o meu cachorro não sabe o bem que fez a mim e a outros cães. A partir desse episódio, a minha vida nunca mais foi a mesma. Mudei a forma de olhar, de me relacionar e de respeitar a vida – seja no que uso, no que como, no que escolho, no que faço, no que presto atenção, no que acolho e dou valor.

Por tudo isso, queria pedir ao Papai Noel que em 2014 as pessoas sejam menos egoístas. Gostaria que houvesse mais ajuda ao outro e menos questionamentos, menos vaidades, menos corrupção, menos ganância. Que mais pessoas consigam respeitar e ver vida nas suas mais simples – e ao mesmo tempo complexas – demonstrações, como um raio de sol, um broto de uma planta, o zumbido dos insetos, o olhar de um cachorro abandonado, uma criança desamparada. Peço que as pessoas descubram que todos seres têm sentimentos, todos sentem dor e todos gostam de carinho.

A realidade do que acontece dentro dos laboratórios de testes em animais veio à tona com o caso do Instituto Royal. A sociedade parou, pelo menos por um minuto, para refletir sobre as atrocidades que beagles, coelhos e ratos sofrem às custas dos nossos cosméticos, produtos de higiene e medicamentos. Foram duas semanas de reportagens sobre o tema. E acabou. Acabou o assunto, mas não a prática.

Diariamente, animais são cruelmente maltratados dentro de fazendas de criação e abates – até chegar o momento da matança desenfreada e impiedosa, que só leva em conta as demandas de um mundo capitalista e consumista. Os animais deixaram de ser mortos para matar a fome e passaram a servir apenas como instrumento do lucro e do consumo desnecessário, que abarrota os sacos de lixo no dia seguinte.

E não é só na carne para consumo. O mesmo ocorre nos laboratórios de universidades e até nos criadores de cães raça. Afinal, alguém já viu uma cadela matriz? Alguém já viu como ficam essas reprodutoras, escravizadas para parir lindos e caros pets? A escravidão animal está em toda parte, nos Centros de Controle de Zoonoses, nas ruas e, por incrível que pareça, dentro de inúmeras casas.

Sim, o ser humano – esse que ocupa o topo da cadeia alimentar, o maior predador do planeta Terra, o único capaz de sorrir, é também capaz de matar até seu semelhante por prazer. Ele abusa, explora, escraviza, usa, recicla e joga fora com uma facilidade. Seu ego não conhece limites, é insaciável. Se o ser humano descarta pessoas do mesmo jeito que faz com celulares apenas para ter um mais moderno e ficar na moda, que dirá com os animais de estimação?

Por isso também peço que neste ano que vai entrar, as pessoas se apeguem mais – mais ao amor, ao respeito, aos sorrisos, e menos a dinheiro… Que o Natal seja motivo para confraternização e fraternidade e não para excessos. Que todos celebrem a vida com mais vida!

Por fim, quero pedir ao Papai Noel para que mais pessoas boas como as que conheci no ano de 2013 entrem na minha vida. Conheci pessoas espetaculares, fortes e corajosas, que me deram força e estímulo para continuar na minha caminhada e luta.

Quero agradecer também a todos que acompanham meu trabalho, e que Papai Noel e o do Céu me permitam continuar sempre melhorando como pessoa. Valeu a pena cada olhar, cada sorriso, cada abanada de rabo e cada lambida.

Um Feliz Natal a todos!!!

20131223_225714_1Erika Bismarchi, idealizadora e fundadora do 6 Patas

 

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