Albergue no centro de SP abriga cães junto ao seus donos

Em meio a reclamações sobre rigidez nos abrigos da Prefeitura de São Paulo, um desses locais destoa, no centro da cidade. Ali, homens e mulheres podem ficar no mesmo quarto, e os moradores de rua podem até dividir suas camas com animais de estimação.

O Abrigo Dom Bosco, próximo à cracolândia, é o único dos 80 albergues municipais que permite animais. Voltado a catadores de material reciclável, é também um dos poucos que aceita casais.

“O ser humano é frágil e flexível. As regras também devem ser assim”, afirma Carlos Tosta, funcionário do local. O abrigo está com praticamente todas as vagas ocupadas (51 das 55).

Três cadelas são moradoras fixas do abrigo. Hebe, Pretinha e Neguinha são cuidadas por Lidiero Alberto, 70, que também vive no albergue depois de perder sua casa na Bela Vista (centro), devido a um incêndio.

As três usam roupas quando o frio aperta. Com seu próprio dinheiro, Lidiero compra a ração para as cadelas. “Estou deixando uma reserva para alguém cuidar da Hebe depois que eu morrer”, conta –ela é sua cadela “oficial”; as outras duas foram deixadas no abrigo por outros moradores.

Lidiero afirma que alguns moradores se incomodam quando as cadelas fazem bagunça, mas a maioria gosta da companhia delas.

Para o morador do local Jaimir Silva, 64, que veio de Lajeado (RS) para São Paulo em 1968, “a convivência com os animais é até melhor do que com os humanos”.

As carroças no abrigo ficam enfileiradas próximo à entrada, para que antes do amanhecer os catadores saiam, com seus animais, em busca de materiais recicláveis. No final do dia, os produtos são reunidos para que rendam maior valor de venda.

“Fomos descobrindo que tínhamos de oferecer não só a hospedagem mas também lugar para deixarem o carrinho, juntamente com o cachorro”, disse o padre Piccinini, responsável pelo abrigo, aberto em 2001.

Responsáveis por outros abrigos da prefeitura dizem que regras mais rígidas são necessárias para que o convívio entre os moradores seja organizado.

Uma maior flexibilidade tem sido testada nos abrigos emergenciais abertos pela gestão Fernando Haddad (PT), após cinco moradores de rua morrerem neste mês, após uma onda de frio intenso.

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Retirado Folha de S.Paulo

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