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Brasil tem mais de 170 mil animais abandonados sob cuidados de ONGs

Levantamento inédito do Instituto Pet Brasil aponta que grande parte (46%) está em organizações da região Sudeste. O G1 conheceu abrigo de ONG no interior de São Paulo para mostrar a rotina de cuidados e o processo de adoção dos animais.

O Instituto Pet Brasil levou mais de seis meses para mapear as organizações em todo o país. As ONGs e os protetores forneceram informações sobre suas capacidades de acolhimento e o acolhimento real no momento da pesquisa.

Segundo um levantamento do Instituto Pet Brasil, ao qual o G1 teve acesso com exclusividade, mais de 170 mil animais estão sob os cuidados de 370 ONGs e grupos que atuam na área de proteção animal em todo o Brasil.

Do total, 169 entidades estão no Sudeste, tutelando mais de 78 mil animais. A maior parte dos animais é formada por cachorros (96%) e apenas uma minoria, gatos (4%)

O Instituto Pet Brasil levou mais de seis meses para mapear as organizações em todo o país. As ONGs e os protetores forneceram informações sobre suas capacidades de acolhimento e o acolhimento real no momento da pesquisa.

“Nós fomos entender um pouco a dinâmica das ONGs. Animais podem estar na rua, mas não são necessariamente abandonados, pois pode ter gente que cuida deles, que dá água, que dá uma tutela pela vida deles. Assim, consideramos abandonados os que não têm ninguém. Nestes casos, as ONGs e os protetores acabam atuando para pegar esses animais”, diz Martina Campos, diretora-executiva do Instituto Pet Brasil.

Martina afirma que a grande maioria das organizações não informa o CNPJ de forma clara e se apresenta apenas em redes sociais, com poucas informações disponíveis. “Existem ONGs que se intitulam assim, mas são grupos de protetores”, diz. Por isso, o levantamento abrange tanto as organizações maiores e mais estruturadas, quanto esses grupos menores. O resultado final foi de 370 organizações mapeadas.

Com base nos dados fornecidos por estas organizações, o instituto classificou as entidades, analisou a capacidade máxima de acolhimento e chegou à estimativa de 172,1 mil animais abandonados sob tutela.

Os abrigos de médio porte, que conseguem abrigar de 101 a 500 animais e que são 48% das entidades mapeadas, se destacam por tutelar mais de 89 mil bichos. Por isso, eles são responsáveis por mais de 52% da população de pets disponíveis para adoção.

Apenas 19% das instituições conseguem abrigar mais de 500 animais, e 33% são de pequeno porte, abrigando entre 1 e 100 cães e gatos.

Inclusive, o Senado aprovou um projeto que proíbe que animais sejam juridicamente tratados como coisas. Caso a proposta, que voltará para análise da Câmara dos Deputados, seja aprovada e promulgada, eles serão considerados seres sencientes, que sentem dor e emoção e estão sujeitos a sofrimento.

Animais em situação vulnerável

O Pet Brasil fez uma estimativa do número de animais em condição de vulnerabilidade, ou seja, aqueles que vivem sob tutela de famílias classificadas abaixo da linha de pobreza ou que vivem nas ruas, mas recebem cuidados de pessoas. São 3,9 milhões, ou 5% da população total de pets no Brasil, que é de cerca de 140 milhões.

O número chama a atenção, já que, por conta das situações economicamente difíceis de seus tutores, estes animais podem acabar sendo abandonados.

Martina Campos, diretora-executiva do Pet Brasil, acredita, porém, que os brasileiros estão cada vez mais maduros em relação ao cuidado e ao bem-estar dos animais. “O brasileiro é uma população que cuida de animais. Já percebemos o quanto essencial é o animal na vida da família brasileira”, diz.

“A população está cada vez mais atentando para essas informações [de bem-estar animal]. Se você quer ter um pet, seja cão, gato, peixe, você tem que saber o impacto daquilo na sua vida para cada vez mais conseguir diminuir esse número de abandono”, afirma Martina Campos, do Instituto Pet Brasil.

Os mais procurados são os filhotes. Eles chegam, inclusive, a ter fila de espera. Porém, que os mais velhos têm começado a chamar a atenção.

“Quem adota um adulto tem bastante ressalva depois em adotar um filhote, pois é uma relação que parece que, quanto mais eles viveram nas ruas ou quanto mais eles sofreram, maior é a gratidão que eles têm pela pessoa”

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