Após envenenamento de 15 gatos, Carrefour planeja construção de gatil

Depois de pelo menos 15 gatos comunitários que viviam nas dependências do Carrefour da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro,

terem sido encontrados mortos, e da Justiça ter sido acionada sobre o caso, o hipermercado anunciou que construirá um gatil para abrigar os gatos e dará a eles tratamento adequado, o que inclui atendimento veterinário, castração e vacinação. Exames laboratoriais feitos, após a morte, em uma gata que vivia no local comprovaram envenenamento por chumbinho.

“Os gatos ficarão no novo gatil, porém, caso haja interesse de adoção, haverá um processo para tal, obedecendo todos os critérios e requisitos recomendados pelas entidades de proteção animal, com vista à segurança e bem-estar do animal adotado”, explicou o Diretor de Sustentabilidade e Responsabilidade Social do Carrefour, Paulo Pianez.

O Carrefour se comprometeu, também, a executar ações a nível nacional. Segundo Pianez, são elas: “revisão dos procedimentos internos em relação ao adequado tratamento de animais que são abandonados nas dependências de nossas lojas; elaboração de material de treinamento, capacitação e sensibilização de funcionários e prestadores de serviços no tema; coordenação e apoio em mutirões de castrações gratuitas em diversas localidades do país; organização e implementação de eventos de adoção nas lojas Carrefour; criação de campanhas e ações educativas para sensibilização e engajamento público em prol da causa animal; apoio do Carrefour na viabilização de projeto da AMPARA Animal para conscientização infantil no tema”.

Não há ainda, no entanto, um prazo para que essas ações sejam colocadas em prática. De acordo com Pianez, “as propostas e os respectivos planos de ação já estão sendo discutidos e tão logo concluídos serão divulgados, incluindo os prazos de execução”. O diretor afirmou que “paralelamente, ações imediatas já vêm sendo adotadas para assegurar o bem-estar de animais nas dependências das nossas lojas pelo Brasil” e que “ações emergenciais para garantir a segurança dos gatos já estão em andamento”. Pianez disse ainda que, no que se refere ao caso os gatos da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, reuniões foram realizadas, assim como uma visita técnica. “O plano de implementação das ações já está desenhado e a execução inicia-se ainda neste mês de janeiro”, concluiu.

Crueldade animal

O Carrefour é conhecido pelas polêmicas envolvendo crueldade animal. Além dos casos de violência cometidos contra os gatos no Rio de Janeiro e o cachorro Manchinha, que morreu após ser brutalmente espancado por um segurança do hipermercado em Osasco (SP), outras situações já foram reveladas no Brasil e também mundo afora.

Em Vila Velha, no Espírito Santo, gatos foram submetidos a maus-tratos nas dependências de uma unidade do Atacadão, supermercado de propriedade da rede Carrefour. Um vídeo mostra um grupo de funcionários do local ferindo um gato com um pedaço de madeira. A denúncia foi feita à Sociedade Protetora dos Animais do Espírito Santo (Sopaes). O crime ocorreu em 2015. Na época, a assessoria da Rede Carrefour emitiu nota repudiando o caso e afirmando que abriu sindicância interna para apurar a denúncia e tomar as providências cabíveis. Não há, no entanto, informações sobre ações efetivamente tomadas pela empresa.

Em 2011, outro caso foi noticiado, desta vez no estacionamento do Carrefour de Santo André (SP). Um cachorro foi vítima de maus-tratos no local, segundo denúncia. O animal foi agredido por clientes e funcionários com chutes. Os agressores também usaram carrinhos de compras para bater no cão.

Na França, o Carrefour tem comercializado carne de zebra – espécie ameaçada de extinção – na loja física e online. Na natureza, um quarto da população de zebras comuns desapareceu nos últimos 25 anos e, em alguns países, elas só são encontradas em reservas naturais. “No momento em que a biodiversidade do mundo está em colapso, vender carne de uma espécie ameaçada de extinção é desconcertante. Isso envia um sinal muito ruim para os consumidores e dá a impressão – que é completamente falsa – de que as populações de zebras selvagens são robustas”, afirmou uma ONG de proteção animal.

No final do ano passado, imagens revelaram que o matadouro municipal de Boischaut, na França, responsável por fornecer carne para o Carrefour, estava matando os animais de forma extremamente cruel: cortando-os ainda vivos. O escândalo de maus-tratos repercutiu em todo o mundo e levou ao fechamento do matadouro. Assim que tomou conhecimento do caso, o Grupo Carrefour Brasil emitiu nota por meio da qual afirmou que “rompeu imediatamente relações comerciais com o frigorífico em questão”.

Em 2017, após realizar visita a duas filiais do Carrefour na cidade de Xuzhou, na China, a empresa de consultoria Ya Dong descobriu que o hipermercado continuava a comercializar carne de cachorro mesmo após ter se comprometido, em 2012, a deixar de obter lucros a partir da crueldade da indústria de carne de cachorro.

“É extremamente decepcionante para os amantes de animais em todo o mundo que o Carrefour esteja colocando os lucros na frente do bem-estar dos cachorros da China. Nossas investigações sobre a indústria, que compartilhamos com o Carrefour, revelam a ilegalidade, a crueldade e as preocupações de segurança pública em todas as etapas da cadeia de fornecimento de carne de cachorro. No entanto, eles continuam a vender produtos de carne de cachorro”, afirmou Jill Robinson, fundadora e CEO da Animals Asia.

Nota da Redação: as ações do Carrefour – desde a construção do gatil até a implementação de políticas de bem-estar animal a nível nacional – devem servir para evitar novos casos de maus-tratos e mortes de animais. Essas ações, porém, não vão apagar as mortes que já ocorreram, tampouco irão reparar todo sofrimento vivido pelos animais vítimas de violência nas dependências de unidades do hipermercado.

Retirado: Anda – Agência Nacional de Direitos dos Animais

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